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5 Traços de Personalidade que Podem Influenciar o Risco de Demência: O Que a Ciência Diz?

Atualizado: 21 de nov. de 2024

Um estudo recente, publicado na revista Alzheimer’s and Dementia da Alzheimer’s Association, aponta que certos traços de personalidade podem estar ligados ao risco de demência. Este achado pode abrir novas perspectivas no campo da prevenção e tratamento da doença, pois sugere que características emocionais e comportamentais influenciam a probabilidade de desenvolver demência, ainda que o impacto direto nos indicadores físicos da doença, como a neuropatologia, seja inconsistente.


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O Estudo: Dados, Idade e Análise

O estudo analisou dados de 44.531 pessoas entre 49 e 81 anos, reunindo informações de personalidade e saúde ao longo de oito estudos menores. Durante o período de observação, 1.703 indivíduos do grupo desenvolveram demência. O estudo focou em como os “Cinco Grandes” traços de personalidade – abertos a experiências, consciência, extroversão, neuroticismo e afeto (positivo ou negativo) – podem influenciar a vulnerabilidade à demência.

Os Cinco Grandes Traços de Personalidade e a Demência

Os traços estudados incluem:

  1. Abertura a Experiências

  2. Pessoas com alta abertura a novas experiências tendem a ser curiosas, criativas e abertas a novas ideias. Esse traço, em 42% dos estudos analisados, mostrou um efeito protetor. A hipótese é que essa mente exploradora mantém o cérebro mais ativo, exercitando a cognição de forma contínua e, possivelmente, retardando os efeitos da demência.

  3. Conscienciosidade

  4. Este traço engloba organização, autodisciplina e planejamento. Pessoas conscienciosas seguem rotinas e têm um controle pessoal elevado. Esse estilo de vida organizado parece ter um efeito protetor, pois ajuda na construção de hábitos saudáveis e no gerenciamento do estresse, ambos considerados fatores importantes para manter a saúde mental ao longo do tempo.

  5. Extroversão

  6. A extroversão, marcada pela sociabilidade e entusiasmo em interações sociais, também teve um efeito protetor. Estudos indicam que o contato social frequente ajuda a ativar o cérebro, promovendo interações que fortalecem a resiliência cognitiva. Por exemplo, em um estudo longitudinal, a participação ativa em atividades sociais foi associada à redução de risco de declínio cognitivo.

  7. Neuroticismo

  8. Indivíduos com altos níveis de neuroticismo tendem a ser mais sensíveis ao estresse e às emoções negativas. Esse traço esteve associado a um risco maior de demência. Altos níveis de estresse e ansiedade são reconhecidos como fatores que podem aumentar o risco de problemas de memória e até acelerar processos degenerativos, talvez pela forma como impactam a estrutura cerebral e o sistema imunológico.

  9. Afeto Positivo e Afeto Negativo

  10. Afeto positivo inclui emoções como alegria e confiança, enquanto o afeto negativo envolve sensações de medo e raiva. Pessoas com tendência a afetos positivos mostraram resiliência em cerca de 50% dos estudos, enquanto o afeto negativo aumentou o risco de demência. Emoções positivas promovem uma saúde psicológica estável, enquanto emoções negativas contínuas podem afetar a plasticidade cerebral.

Interpretações do Estudo: O Papel do Estilo de Vida e da Resiliência

Embora traços de personalidade e bem-estar possam afetar a probabilidade de demência, os resultados revelaram que esses fatores psicológicos não estão necessariamente associados aos danos físicos no cérebro, como é comum em doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Pessoas com altos níveis de neuroticismo, por exemplo, não apresentaram um volume maior de danos neuropatológicos no momento de suas mortes, sugerindo que o efeito dos traços de personalidade pode estar mais relacionado ao estilo de vida e à resiliência comportamental do que a alterações físicas no cérebro.

Implicações para Prevenção e Tratamento

Essas descobertas têm potencial para influenciar as estratégias de prevenção e diagnóstico precoce de demência, permitindo a criação de programas de conscientização e apoio que visem fortalecer traços como consciência e extroversão, além de gerenciar o neuroticismo e as emoções negativas. Intervenções psicossociais, práticas de mindfulness e programas que promovam a interação social e a abertura a novas experiências podem ajudar a fortalecer as bases para uma saúde mental prolongada.

O Que Esse Estudo Representa para o Futuro da Saúde Mental

Embora os traços de personalidade e a demência não estejam diretamente associados com fatores biológicos observados na neuropatologia, como acreditado anteriormente, o estudo ressalta a importância de uma abordagem mais ampla para a saúde mental. Ao compreender a influência de traços emocionais, podemos desenvolver melhores estratégias para identificar e ajudar pessoas em risco, promovendo práticas saudáveis e resiliência mental.


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